sexta-feira, 24 de maio de 2013

A guerra contra o crack

Um problema que se alastra pelo país e que parece não ter solução é o das drogas, e em especial, do crack. O surgimento das “cracolândias” em todas as cidades do Brasil tornou-se bastante comum. É uma droga letal, que age em aproximadamente 10 segundos no sistema nervoso do usuário, tornando-o um dependente já no primeiro uso. É uma mistura de cocaína com bicarbonato de sódio, e seu nome provém do verbo “to crack” (em inglês), que significa “quebrar”, por conta dos pequenos estalos que ela produz na hora do consumo. O efeito do crack dura de 3 a 10 minutos, causando grande euforia em quem usa, e depois disso, gera uma grande depressão, fazendo com que a pessoa volte a usar. Ela afeta diretamente o cérebro, causando paranoias, alucinações e diversos transtornos psicológicos, afetando o comportamento das pessoas e tornando-as bastante agressivas.

Por ser uma droga mais barata que a cocaína, o número de usuários de crack tem crescido gradativamente, criando as famosas “cracolândias” em terrenos baldios e debaixo de viadutos. Além de haver muitos usuários adultos, o mais triste é vermos o enorme número de crianças que se tornam dependentes dessa droga, e também de mulheres grávidas, onde o consumo constante da gestante faz com que o bebê nasça com a dependência química.

Em abril desse ano, o governo de São Paulo tomou uma atitude drástica para combater o uso do crack: a internação compulsória (contra a vontade) dos dependentes. Para muitos, essa ação foi uma violação da liberdade dessas pessoas, e para outros (me enquadro nesse grupo), foi uma providência indiscutivelmente necessária. O governo tem de agir desta forma, e não deixar as ruas se tornarem redutos de viciados. Dráuzio Varella, conceituado médico brasileiro, fez a seguinte declaração em uma reportagem para a Folha de São Paulo sobre o tema:

“Sempre faço uma pergunta nessas conversas: Se fosse sua filha naquela situação, você deixaria lá para não interferir no livre arbítrio dela?

Eu, se tivesse uma filha grávida, jogada na sarjeta, nem que fosse com camisa de força tiraria ela de lá.

Quando vemos essa discussão nos jornais, parece que estamos discutindo o direito do filho dos outros de continuar usando droga até morrer. São uma argumentação frágil, jargões vazios, de 50 anos atrás. Eu fico revoltado com essa discussão inútil.”

É preciso deixar de lado essa demagogia de “infringir a dignidade” dos usuários de drogas. Essas pessoas estão doentes e precisam de tratamento, e se não querem se tratar por vontade própria, infelizmente a internação compulsória é o caminho. Como o próprio Dráuzio indagou, em outro trecho da entrevista, “que dignidade tem uma pessoa na sarjeta daquela maneira?”

Outra grande medida para ajuda aos dependentes é o vulgarmente chamado “bolsa crack”. Quando o usuário concorda com a internação em uma clínica, ele é cadastrado e essa clínica recebe do governo do Estado R$ 1.350,00 para custeio do tratamento. Esperamos que essas ações tenham grandes resultados no futuro, uma vez que esse é um problema a ser resolvido em longo prazo.

A situação é tão alarmante que até índios estão se tornando usuários de crack. Infelizmente a cultura sórdida da sociedade está rompendo toda e qualquer fronteira, atingindo até quem parecia alheio a esses problemas.

Para mudar esse quadro, cabe ao governo, em todas as esferas, investir pesado na EDUCAÇÃO, para que nossas crianças cresçam longe desse perigo. A questão das drogas deve ser levada às escolas, para que todos saibam dos seus efeitos devastadores, assim como tem de criar e intensificar medidas de combate ao tráfico e a violência proveniente disso, mas também é nossa obrigação fazermos de tudo para não deixarmos nossos filhos, irmãos, sobrinhos, pais, mães e todos a quem amamos seguirem esse caminho, que muitas vezes parece não ter volta! Por ser um problema social, temos de começar a corrigi-lo dentro de nossos lares, e se não houver a mobilização de todos os segmentos da sociedade, esta guerra estará perdida!

Essa luta é de todos nós!