sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

O que aconteceria se Jesus fosse um político?

Na minha adolescência, era leitor das revistas em quadrinhos de heróis da Marvel. Era publicada, eventualmente, uma série chamada “O que aconteceria se...”. O objetivo dessas estórias era mostrar o que viria a acontecer aos heróis ou vilões se a história que marcou o surgimento deles tomasse um rumo diferente. É com esse embasamento que quero formular a seguinte pergunta: o que aconteceria se Jesus fosse um político?

Muita gente associa a figura de Jesus a de um político, mas isso é totalmente errôneo. Jesus Cristo, assim como Mahatma Gandhi, Maomé e Joana D’Arc, por exemplo, era um LÍDER! A política é ciência que trata da organização e administração de assuntos internos de uma nação. É preciso ter esse discernimento, pois os conceitos se equivalem.

Vamos imaginar o seguinte cenário: Jesus, estando frente a frente com Pôncio Pilatos, lhe faz uma proposta de união com Roma e com César. Afinal, com a liderança crescente de Jesus sobre os pobres e oprimidos, e com o poder do Império Romano, ficaria mais fácil para ele propagar os seus ensinamentos pelo mundo afora. E claro, o Império Romano também colheria bons frutos com essa união, pois Jesus tinha forte influência sobre as pessoas, e poderia, dessa forma, conter futuras rebeliões. Essa união evitaria a perseguição que, tempos depois, sofreriam seus seguidores e ele próprio; evitaria sua crucificação; evitaria inúmeras mortes em seu nome etc. Então, por que Jesus não se aliou a Roma e não se tornou um político?

Questão fácil de responder, que qualquer cristão de qualquer religião responderá instantaneamente. Mas eu garanto que obteremos respostas simples e vagas, como “porque era o seu destino morrer na cruz”, “porque ele era filho de Deus”, “porque ele veio pra nos salvar” etc. Eu também tenho uma resposta, mas um pouco diferente:

Teoricamente, como citei no 2º parágrafo, a palavra “política” remete a “governo”, e “políticos no governo” (deputados, senadores, prefeitos etc) nos faz lembrar de CORRUPÇÃO, ou seja, coloquialmente falando, o sistema é podre. A corrupção dentro da política existe desde os primórdios dessa prática (não é uma particularidade brasileira), e com o Império Romano não era diferente, pois cobravam impostos abusivos, cometiam várias injustiças contra os pobres, promoviam guerras contra outros povos e os escravizavam etc, ou seja, ali a corrupção imperava! Sendo assim, não teria sentido se Jesus, o filho de Deus, cuja missão era interceder pelos mais necessitados, fizesse uma aliança com Roma. Repito, JESUS NÃO ERA POLÍTICO, ERA LÍDER! E SEU OBJETIVO ERA OUTRO!

E por que escrevi essa estória?

Tempos atrás fiz um texto (E Deus disse: Ide e Votai) criticando a nova tendência da política brasileira: a ascensão evangélica na política! Bancada evangélica presente no congresso, nas assembleias legislativas, nas câmaras de vereadores, nas prefeituras etc. Líderes de seitas como Valdemiro Santiago, Silas Malafaia, Edir Macedo (sempre eles) deixaram claro que pretendem sim se envolver na política e que acham isso certo, fazendo de seus cultos verdadeiros palanques eleitorais para angariar votos a seus candidatos. Eles alegam  que seus pastores têm o direito de candidatar-se, pois são cidadãos como qualquer outro (o que não deixa de ser verdade). Mas agindo dessa forma, eles estão deixando de lado as suas verdadeiras missões e não podem se considerarem cristãos! Penso que as atribuições de alguém que se diz “pastor” ou “padre” estão muito além desses interesses políticos. Fé cristã e política não se misturam!

Vamos pensar da seguinte forma: se Cristo não forjou alianças políticas, como esses pastores ou padres se acham no direito de o fazerem, usando seu nome para isso? É muita insolência, que merece total desprezo dos fiéis! (é uma pena que, por conta da ignorância e alienação, os fiéis são facilmente logrados por esses mentirosos)

Em minha cidade, um “missionário” que foi eleito vereador começou bem seu mandato, colocando “alguém de sua confiança” para trabalhar na Prefeitura, ganhando mais que funcionários concursados e exercendo a mesma função que eles... Louvados sejam os eleitores desse homem...

Encerro esse texto com um dos maiores ensinamentos de Cristo, que pelo teor das suas palavras, deve causar certa repugnância quando chegam aos ouvidos desses charlatões:

            “Dai a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus”.