Por ser uma droga mais barata que a cocaína, o número de
usuários de crack tem crescido gradativamente, criando as famosas
“cracolândias” em terrenos baldios e debaixo de viadutos. Além de haver muitos
usuários adultos, o mais triste é vermos o enorme número de crianças que se
tornam dependentes dessa droga, e também de mulheres grávidas, onde o consumo
constante da gestante faz com que o bebê nasça com a dependência química.
Em abril desse ano, o governo de São Paulo tomou uma atitude
drástica para combater o uso do crack: a internação compulsória (contra a
vontade) dos dependentes. Para muitos, essa ação foi uma violação da liberdade
dessas pessoas, e para outros (me enquadro nesse grupo), foi uma providência indiscutivelmente
necessária. O governo tem de agir desta forma, e não deixar as ruas se tornarem
redutos de viciados. Dráuzio Varella, conceituado médico brasileiro, fez a
seguinte declaração em uma reportagem para a Folha de São Paulo sobre o tema:
“Sempre faço uma pergunta
nessas conversas: Se fosse sua filha naquela situação, você deixaria lá para
não interferir no livre arbítrio dela?
Eu,
se tivesse uma filha grávida, jogada na sarjeta, nem que fosse com camisa de
força tiraria ela de lá.
Quando
vemos essa discussão nos jornais, parece que estamos discutindo o direito do
filho dos outros de continuar usando droga até morrer. São uma argumentação
frágil, jargões vazios, de 50 anos atrás. Eu fico revoltado com essa discussão
inútil.”
É
preciso deixar de lado essa demagogia de “infringir a dignidade” dos usuários
de drogas. Essas pessoas estão doentes e precisam de tratamento, e se não
querem se tratar por vontade própria, infelizmente a internação compulsória é o
caminho. Como o próprio Dráuzio indagou, em outro trecho da entrevista, “que
dignidade tem uma pessoa na sarjeta daquela maneira?”
Outra grande medida para ajuda
aos dependentes é o vulgarmente chamado “bolsa crack”. Quando o usuário
concorda com a internação em uma clínica, ele é cadastrado e essa clínica
recebe do governo do Estado R$ 1.350,00 para custeio do tratamento. Esperamos
que essas ações tenham grandes resultados no futuro, uma vez que esse é um
problema a ser resolvido em longo prazo.
A situação é tão alarmante que
até índios estão se tornando usuários de crack. Infelizmente a cultura sórdida
da sociedade está rompendo toda e qualquer fronteira, atingindo até quem
parecia alheio a esses problemas.
Para mudar esse quadro, cabe ao
governo, em todas as esferas, investir pesado na EDUCAÇÃO, para que nossas
crianças cresçam longe desse perigo. A questão das drogas deve ser levada às
escolas, para que todos saibam dos seus efeitos devastadores, assim como tem de
criar e intensificar medidas de combate ao tráfico e a violência proveniente
disso, mas também é nossa obrigação fazermos de tudo para não deixarmos nossos
filhos, irmãos, sobrinhos, pais, mães e todos a quem amamos seguirem
esse caminho, que muitas vezes parece não ter volta! Por ser um problema
social, temos de começar a corrigi-lo dentro de nossos lares, e se não houver a
mobilização de todos os segmentos da sociedade, esta guerra estará perdida!
Essa luta é de todos nós!
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