Muita gente associa a figura de Jesus a de um político, mas
isso é totalmente errôneo. Jesus Cristo, assim como Mahatma Gandhi, Maomé e
Joana D’Arc, por exemplo, era um LÍDER! A política é ciência que trata da
organização e administração de assuntos internos de uma nação. É preciso ter
esse discernimento, pois os conceitos se equivalem.
Vamos imaginar o seguinte cenário: Jesus, estando frente a
frente com Pôncio Pilatos, lhe faz uma proposta de união com Roma e com César.
Afinal, com a liderança crescente de Jesus sobre os pobres e oprimidos, e com o
poder do Império Romano, ficaria mais fácil para ele propagar os seus
ensinamentos pelo mundo afora. E claro, o Império Romano também colheria bons
frutos com essa união, pois Jesus tinha forte influência sobre as pessoas, e
poderia, dessa forma, conter futuras rebeliões. Essa união evitaria a perseguição que, tempos depois,
sofreriam seus seguidores e ele próprio; evitaria sua crucificação; evitaria inúmeras mortes
em seu nome etc. Então, por que Jesus não se aliou a Roma e não se tornou um político?
Questão fácil de responder, que qualquer cristão de qualquer
religião responderá instantaneamente. Mas eu garanto que obteremos respostas simples e vagas, como “porque era o seu destino morrer na cruz”, “porque ele era
filho de Deus”, “porque ele veio pra nos salvar” etc. Eu também tenho uma
resposta, mas um pouco diferente:
Teoricamente, como citei no 2º parágrafo, a palavra
“política” remete a “governo”, e “políticos no governo” (deputados, senadores,
prefeitos etc) nos faz lembrar de CORRUPÇÃO, ou seja, coloquialmente
falando, o sistema é podre. A corrupção dentro da política existe desde os
primórdios dessa prática (não é uma particularidade brasileira), e com o
Império Romano não era diferente, pois cobravam impostos abusivos, cometiam
várias injustiças contra os pobres, promoviam guerras contra outros povos e os
escravizavam etc, ou seja, ali a corrupção imperava! Sendo assim, não teria sentido se Jesus, o filho de Deus, cuja missão era
interceder pelos mais necessitados, fizesse uma aliança com Roma. Repito,
JESUS NÃO ERA POLÍTICO, ERA LÍDER! E SEU OBJETIVO ERA OUTRO!
E por que escrevi essa estória?
Tempos atrás fiz um texto (E Deus disse: Ide e Votai)
criticando a nova tendência da política brasileira: a ascensão evangélica na
política! Bancada evangélica presente no congresso, nas assembleias legislativas, nas
câmaras de vereadores, nas prefeituras etc. Líderes de seitas como Valdemiro
Santiago, Silas Malafaia, Edir Macedo (sempre eles) deixaram claro que
pretendem sim se envolver na política e que acham isso certo, fazendo de
seus cultos verdadeiros palanques eleitorais para angariar votos a seus
candidatos. Eles alegam que seus pastores têm o direito de candidatar-se, pois são cidadãos como
qualquer outro (o que não deixa de ser verdade). Mas agindo dessa forma, eles estão deixando de lado as
suas verdadeiras missões e não podem se considerarem cristãos! Penso que as atribuições
de alguém que se diz “pastor” ou “padre” estão muito além desses interesses políticos. Fé cristã e política não se misturam!
Vamos pensar da seguinte forma: se Cristo não forjou alianças políticas,
como esses pastores ou padres se acham no direito de o fazerem, usando seu
nome para isso? É muita insolência, que merece total desprezo dos fiéis! (é uma pena que, por conta da ignorância e alienação, os fiéis são facilmente logrados por esses mentirosos)
Em minha cidade, um “missionário” que foi eleito vereador
começou bem seu mandato, colocando “alguém de sua confiança” para trabalhar na
Prefeitura, ganhando mais que funcionários concursados e exercendo a mesma função que eles... Louvados sejam os eleitores desse homem...
Encerro esse texto com um dos maiores ensinamentos de
Cristo, que pelo teor das suas palavras, deve causar certa repugnância quando
chegam aos ouvidos desses charlatões:
“Dai a
César o que é de César, e a Deus o que é de Deus”.